domingo, 30 de março de 2008

Palavras atemporais

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Soneto da madrugada

Pensar que já vivi à sombra escura
Desse ideal de dor, triste ideal
Que acima das paixões do bem e do mal
Colocava a paixão da criatura!

Pensar que essa paixão, flor de amargura
Foi uma desventura sem igual
Uma incapacidade de ternura
Nunca simples e nunca natural!

Pensar que a vida se houve de tal sorte
Com tal zelo e tão íntimo sentido
Que em mim a vida renasceu da morte!

Hoje me libertei, povo oprimido
E por ti viverei meu ódio forte
Nesse misterioso amor perdido.


- Vinícius de Moraes
em "Poemas, sonetos e baladas"

Um comentário:

Anônimo disse...

O que me encanta em Vinicius é que o ato de escrever lhe é natural como o respirar, o falar, o ouvir. É genial. Abraço, até breve,

R.Vinicius